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Estresse hídrico – como a falta e o excesso de chuvas podem impactar na produtividade das lavouras

A água é essencial para a sobrevivência da maioria dos seres vivos do planeta. Com as plantas não é diferente, a água, juntamente com a luz e o gás carbônico, são imprescindíveis para o processo de fotossíntese. Não à toa, temos visto com cada vez mais frequência safras sendo prejudicadas pela falta de chuvas. Porém, o contrário também pode ser um problema, uma vez que os excessos de chuvas também trazem prejuízos. Com as mudanças climáticas cada vez mais acentuadas, tem sido uma constante vermos notícias de regiões padecendo com a seca e outras com excessos de chuva. Para ajudar você a entender melhor o impacto dessas mudanças nas lavouras e, consequentemente, nas produções, criamos este artigo que vai fundo no assunto. Confira!

Bagunça climática

Um dos setores que mais têm sentido os impactos da intensificação do aquecimento global é a agricultura, que atualmente já enfrenta um clima adverso para produzir. Estima-se que apenas 5% das áreas agrícolas no Brasil são irrigadas, enquanto os 95% restantes dependem diretamente das variações naturais da chuva.

Sendo assim, o aumento das temperaturas em função das mudanças climáticas, resultará no aumento do consumo de água pelos produtores rurais e na redução da disponibilidade de água, colocando em risco a capacidade de produção. Já que, segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), o agronegócio é o setor que mais consome água e, consequentemente, um dos mais afetados. Para se ter uma ideia, de cada 100 litros de água consumidos no Brasil, 72 são usados na irrigação agrícola.

Pesquisas recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) apontam que a temperatura global pode subir de 1,5°C a 2°C neste século, caso não haja uma forte redução nas emissões de gases de efeito estufa.

Além disso, o documento do IPCC, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), afirma que os seres humanos já são responsáveis por um aumento de 1,07°C na temperatura do planeta.

Esse cenário aumentou a chance de eventos climáticos extremos desde 1950, incluindo a frequência da ocorrência de ondas de calor e secas em escala global, o que, para especialistas consultados pelo G1, podem trazer, ao menos, 2 impactos para a produção de alimentos no Brasil:

Além disso, as mudanças climáticas podem deslocar a sazonalidade, aumentando os períodos de seca e, nos períodos de chuva, provocando chuvas mais fortes.

O drama da falta

As secas têm sido descritas como o fator climático que mais causa danos à população em geral, sendo que, sua ocorrência e duração, têm sido cada vez mais crescentes em todos os continentes, podendo causar sérios riscos à segurança alimentar no planeta.

A ausência ou a distribuição irregular das chuvas é o principal causador da redução na produtividade de muitas culturas. Para o produtor, o stress hídrico é o principal fator de risco à produção, além das pragas, doenças e invasoras. Isso significa que, em regiões onde não há estação seca definida, os maiores riscos ao rendimento são aqueles relacionados ao controle de pragas, doenças e invasoras, ou seja, somente secas severas causam grandes prejuízos ao produtor, de forma a impactar na relação custo-benefício de uma propriedade.

Os impactos disso foram sentidos nas últimas safras de milho e soja, que nos estados em estados como Rio Grande do Sul, Paraná, que devido à falta de chuvas e às altas temperaturas, tiveram prejuízos de até 40% nas safras de milho e soja.

O custo dos excessos

Se por um lado a escassez de chuvas pode ser extremamente prejudicial para algumas culturas, o excesso ou a distribuição irregular também pode resultar em quebra de safras e prejuízos. O chamado excesso hídrico ocorre quando a quantidade de água no solo for maior do que a capacidade de absorção da planta; a exposição a essa condição por longos períodos pode potencializar a ocorrência de doenças em alguns tipos de plantas devido à falta de oxigênio no solo, causando a redução na produtividade.

Além de prejudicar o metabolismo das plantas e afetar a qualidade dos grãos, o excesso de água também dificulta o trânsito de maquinários e atrasa a produtividade. E favorece a salinidade do solo, o que atinge o desenvolvimento das raízes das plantas.

O equilíbrio é a resposta

O déficit hídrico é um dos principais dilemas das lavouras, mas não é apenas isso. O metabolismo das plantas exige um ambiente altamente hidratado, o ar atmosférico, que fornece luz e CO2 para a formação de biomassa pelas plantas.

De uma maneira geral, as formas de contornar os períodos de escassez de chuvas passam pela otimização da água armazenada no solo. Isso significa que também é necessário melhorar a infiltração da água das chuvas, para aumentar o reservatório de água, que é o solo. Práticas de manejo, como a manutenção de resíduos na superfície, plantios em nível, manutenção de vegetação em áreas declivosas, em nascentes e margens dos rios, são alternativas que podem ser utilizadas, sobretudo na agricultura não irrigada.

Ainda, na agricultura não-irrigada, o planejamento da época de semeadura, de forma que a fase de maior consumo coincida com o período de maior disponibilidade hídrica às culturas, é a melhor maneira de diminuir os riscos causados pelo déficit hídrico. A seleção de variedades tolerantes e/ou resistentes a períodos de déficit hídrico no solo, também é uma opção para a tomada de decisão do produtor.

Na agricultura irrigada, um bom sistema de manejo e o monitoramento da irrigação são essenciais para evitar perdas de desempenho por estresse hídrico. O manejo da irrigação visa, antes de tudo, a melhor utilização da água armazenada no solo, através do conhecimento dos parâmetros do solo, como o total de água disponível e da planta, indicando o possível início de stress, a partir do controle diário do esgotamento de água no solo.

Sustentabilidade como caminho

O uso sustentável dos recursos naturais é imprescindível, principalmente em um mercado cada vez mais criterioso em relação à origem do que está sendo consumido. A adoção de práticas de manejo na agricultura irrigada e de sequeiro, além de trazer maiores retornos econômicos, aliado a um menor uso de água, ajudam a tornar a agricultura mais sustentável e adequada às exigências do mercado.

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21 de março de 2022

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